NÃO ESTOU UM PINGO INTERESSADO EM VIRAR AMIGO DE SAPATOS DE COURO E VERNIZ E BEBIDAS ALCOÓLICAS, "VERDADES ABSOLUTAS" PARA A PATOTA PÓS-50.
Com dois contos do meu livro O Balão e Outras Estórias, eu oficialmente entrei nos 50 anos, por antecipação. Atualmente, tenho 47 anos.
São dois contos, "Inexperientes", escrito em 14 de fevereiro, e "50 Anos", em 28 de março.
Neles mostro novos paradigmas da pessoa de 50 anos, e do fim da ilusão de suposta maturidade que se atribui à meia-idade.
Não falo, evidentemente, de todos os cinquentões, mas aqueles que, dotados de prestígio social e poder, mantém sensação de pretensa maturidade social.
Deixemos de lado os cinquentões que vivem a vida com jovialidade porque não são esses o foco desta postagem. Falo daqueles que querem ser levados a sério demais pela ilusão de poder, prestígio e "maturidade" etária.
Paciência, vivemos épocas em que pessoas de 55 anos se masturbam em público e senhores de 65 anos apedrejam ônibus de petistas.
É a era de Harvey Weinstein, de Romero Jucá e do Poder Judiciário que, às vezes, parece se comportar como se estivesse no primeiro semestre da Faculdade de Direito.
Até pouco tempo atrás, víamos granfinos de 50 anos querendo, na ansiedade do branqueamento gradual de seus cabelos, querer viver os 70 ou 80 anos antes do tempo.
Já vi empresários e médicos nascidos entre 1951 e 1954 achando que viveram os anos 1930 e 1940.
Assim como profissionais liberais e empresários nascidos entre 1965 e 1970 falando de Woodstock (o de 1969) como se tivessem sido adultos naquela época.
Imagine um empresário nascido em 1969 ou 1970 falando do primeiro Woodstock como se tivesse sido convidado para participar de lá e simplesmente recusado o convite.
Como convidar um recém-nascido ou um feto na barriga da mãe para ir a um festival em 1969 é algo que não dá para entender, a não ser admitindo um pedantismo geracional.
Esses caras vivem o presente econômico de seus escritórios e, quando muito, só saem dessa rotina para cuidar dos filhos ou ir a eventos de gala.
Evidentemente, eles não tiveram tempo para ter a vivência aprofundada que imaginam ter, pela ilusão de que essa vivência pode ser garantida pegando carona na conversa com amigos mais velhos.
Paciência. Eu, pelo menos, pude vivenciar o passado desde cedo. Me lembro que pensava nos anos 1960 quando eu tinha dois anos de idade, em 1973.
Já questionava o fim do Estado da Guanabara (que tive condição de conhecer) aos sete, oito anos de idade.
Também vi ônibus da década de 1960 (sobretudo os de 1965-1969) circulando no meu tempo.
Ouvi muitas músicas dos anos 1960 tocando nas rádios. E conheci a rádio Eldo Pop e a revista Geração Pop, produtos do Brasil anos 1970 mas com o "espírito" da década anterior.
Nunca fiquei trancado num escritório ou numa festa de gala pensando em como subir no prestígio social.
Também não fui um quarentão querendo perguntar demais sobre quem foi Syd Barrett e se Rod Stewart e Elton John já integraram bandas de rock nos anos 1960.
Da mesma forma que os granfinos de 1950-1955 conhecem Frank Sinatra que visitou o Brasil em 1980 e leem o Millôr Fernandes de 1977-1982 e acham que tiram os anos 1940 de letra, os chiques de 1965-1970 veem os ídolos do rock 1960 no Live Aid e acham que viveram os anos 1960.
Os granfinos querem ser "mais maduros", mas tudo que acabam sendo é ser o "rabo" da geração anterior, rebaixados pela pressa infantil em parecerem mais velhos do que são.
Sobre a patota endinheirada de 1965-1970, até parece que eu tinha uma disputa com os "mais espertos" de 1968.
Com 12 anos de idade (1983), eu já sabia entender o universo de quem tinha 15 anos na época. Alguns de meus colegas eram nascidos em 1968. Mas eu já era apresentado ao "mundo" dos que tinham 18 anos.
A primeira Playboy que recebi de presente foi em 1986, com Luíza Brunet na capa, quando eu tinha 15 anos. 18 anos antecipado.
Com 11, 12, 13 anos eu entendia a linguagem distinta de uma rádio de rock, através da Fluminense FM, diferente de uma rádio pop.
É lamentável que, nos anos 2000, tinha muito marmanjão de 30, 40 anos que definia como "autêntica rádio rock" qualquer sub-Jovem Pan metida a roqueira, com seus Emílio Surita vestindo jaqueta de couro pensando serem sucessores do Kid Vinil.
Por ironia da História, a geração 1965-1970 teve que esperar eu completar 18 anos para votar para presidente da República.
Eu considero que penso os 50 anos há, pelo menos, desde quando eu tinha 33 anos.
Reflito nos dilemas e nos impasses, e isso tenho vantagem. Eu cheguei aos 50 anos antes daqueles que chegaram aos 50 anos antes de mim.
Estes tropeçaram nos 50 anos. Largaram na frente, mas dormiram no pitstop dos eventos de gala e da busca frenética por prestígio profissional que faz muitos empresários não acompanharem suas esposas que vão sozinhas para os Lollapalooza ou Coachella da vida.
Eles se comportam como as pessoas que curtem uma festa de madrugada e acabam não se lembrando do que ocorreu na ocasião.
E eu, que nasci depois deles, me comporto como alguém que dorme mas ouve os ruídos do ambiente em volta e sonha com eles e suas informações invadindo o consciente em sono.
São pessoas que nasceram nos anos 1960 mas são incapazes de discernir uma foto de 1962 e uma foto de 1969. Se ninguém falar o ano preciso, vão dizer que são fotos de "meados dos anos 60".
Da mesma forma, imaginam que tudo que ocorreu nos anos 1960 se resume ao triênio 1967-1969: festivais da canção, movimento estudantil, Woodstock, viagem de astronautas à Lua.
Felizmente eu tive e tenho o tempo de perceber e observar as coisas ao redor do mundo.
As pessoas "de sucesso" que não tem tempo sequer para ir com suas esposas ao Coachella, por causa da "luta pelo dinheiro", não iriam, por um milagre, entender o que ocorreu antes de seus berços.
Duas conversas com colegas mais velhos de profissão não trazem a vivência necessária do passado, não fazem um médico nascido nos anos 1950 uma testemunha ocular dos anos 1940 nem fazem o empresário de 1968 se sentir "adulto" nos anos 1960.
Essas pessoas são gente sem passado, sem presente e sem futuro.
São apenas pessoas ocupadas na busca do dinheiro e do prestígio social.
Eles ficam perguntando demais sobre o tempo em que não viveram, e ocultam a juventude que ignoram que viveram.
São pessoas que ainda me perguntarão o que é viver os 50 anos.
Talvez se usarem menos sapatos de couro em situações informais, parassem de fumar e tomar menos bebidas alcoólicas, isso seja o início de um novo aprendizado de vida.
Com dois contos do meu livro O Balão e Outras Estórias, eu oficialmente entrei nos 50 anos, por antecipação. Atualmente, tenho 47 anos.
São dois contos, "Inexperientes", escrito em 14 de fevereiro, e "50 Anos", em 28 de março.
Neles mostro novos paradigmas da pessoa de 50 anos, e do fim da ilusão de suposta maturidade que se atribui à meia-idade.
Não falo, evidentemente, de todos os cinquentões, mas aqueles que, dotados de prestígio social e poder, mantém sensação de pretensa maturidade social.
Deixemos de lado os cinquentões que vivem a vida com jovialidade porque não são esses o foco desta postagem. Falo daqueles que querem ser levados a sério demais pela ilusão de poder, prestígio e "maturidade" etária.
Paciência, vivemos épocas em que pessoas de 55 anos se masturbam em público e senhores de 65 anos apedrejam ônibus de petistas.
É a era de Harvey Weinstein, de Romero Jucá e do Poder Judiciário que, às vezes, parece se comportar como se estivesse no primeiro semestre da Faculdade de Direito.
Até pouco tempo atrás, víamos granfinos de 50 anos querendo, na ansiedade do branqueamento gradual de seus cabelos, querer viver os 70 ou 80 anos antes do tempo.
Já vi empresários e médicos nascidos entre 1951 e 1954 achando que viveram os anos 1930 e 1940.
Assim como profissionais liberais e empresários nascidos entre 1965 e 1970 falando de Woodstock (o de 1969) como se tivessem sido adultos naquela época.
Imagine um empresário nascido em 1969 ou 1970 falando do primeiro Woodstock como se tivesse sido convidado para participar de lá e simplesmente recusado o convite.
Como convidar um recém-nascido ou um feto na barriga da mãe para ir a um festival em 1969 é algo que não dá para entender, a não ser admitindo um pedantismo geracional.
Esses caras vivem o presente econômico de seus escritórios e, quando muito, só saem dessa rotina para cuidar dos filhos ou ir a eventos de gala.
Evidentemente, eles não tiveram tempo para ter a vivência aprofundada que imaginam ter, pela ilusão de que essa vivência pode ser garantida pegando carona na conversa com amigos mais velhos.
Paciência. Eu, pelo menos, pude vivenciar o passado desde cedo. Me lembro que pensava nos anos 1960 quando eu tinha dois anos de idade, em 1973.
Já questionava o fim do Estado da Guanabara (que tive condição de conhecer) aos sete, oito anos de idade.
Também vi ônibus da década de 1960 (sobretudo os de 1965-1969) circulando no meu tempo.
Ouvi muitas músicas dos anos 1960 tocando nas rádios. E conheci a rádio Eldo Pop e a revista Geração Pop, produtos do Brasil anos 1970 mas com o "espírito" da década anterior.
Nunca fiquei trancado num escritório ou numa festa de gala pensando em como subir no prestígio social.
Também não fui um quarentão querendo perguntar demais sobre quem foi Syd Barrett e se Rod Stewart e Elton John já integraram bandas de rock nos anos 1960.
Da mesma forma que os granfinos de 1950-1955 conhecem Frank Sinatra que visitou o Brasil em 1980 e leem o Millôr Fernandes de 1977-1982 e acham que tiram os anos 1940 de letra, os chiques de 1965-1970 veem os ídolos do rock 1960 no Live Aid e acham que viveram os anos 1960.
Os granfinos querem ser "mais maduros", mas tudo que acabam sendo é ser o "rabo" da geração anterior, rebaixados pela pressa infantil em parecerem mais velhos do que são.
Sobre a patota endinheirada de 1965-1970, até parece que eu tinha uma disputa com os "mais espertos" de 1968.
Com 12 anos de idade (1983), eu já sabia entender o universo de quem tinha 15 anos na época. Alguns de meus colegas eram nascidos em 1968. Mas eu já era apresentado ao "mundo" dos que tinham 18 anos.
A primeira Playboy que recebi de presente foi em 1986, com Luíza Brunet na capa, quando eu tinha 15 anos. 18 anos antecipado.
Com 11, 12, 13 anos eu entendia a linguagem distinta de uma rádio de rock, através da Fluminense FM, diferente de uma rádio pop.
É lamentável que, nos anos 2000, tinha muito marmanjão de 30, 40 anos que definia como "autêntica rádio rock" qualquer sub-Jovem Pan metida a roqueira, com seus Emílio Surita vestindo jaqueta de couro pensando serem sucessores do Kid Vinil.
Por ironia da História, a geração 1965-1970 teve que esperar eu completar 18 anos para votar para presidente da República.
Eu considero que penso os 50 anos há, pelo menos, desde quando eu tinha 33 anos.
Reflito nos dilemas e nos impasses, e isso tenho vantagem. Eu cheguei aos 50 anos antes daqueles que chegaram aos 50 anos antes de mim.
Estes tropeçaram nos 50 anos. Largaram na frente, mas dormiram no pitstop dos eventos de gala e da busca frenética por prestígio profissional que faz muitos empresários não acompanharem suas esposas que vão sozinhas para os Lollapalooza ou Coachella da vida.
Eles se comportam como as pessoas que curtem uma festa de madrugada e acabam não se lembrando do que ocorreu na ocasião.
E eu, que nasci depois deles, me comporto como alguém que dorme mas ouve os ruídos do ambiente em volta e sonha com eles e suas informações invadindo o consciente em sono.
São pessoas que nasceram nos anos 1960 mas são incapazes de discernir uma foto de 1962 e uma foto de 1969. Se ninguém falar o ano preciso, vão dizer que são fotos de "meados dos anos 60".
Da mesma forma, imaginam que tudo que ocorreu nos anos 1960 se resume ao triênio 1967-1969: festivais da canção, movimento estudantil, Woodstock, viagem de astronautas à Lua.
Felizmente eu tive e tenho o tempo de perceber e observar as coisas ao redor do mundo.
As pessoas "de sucesso" que não tem tempo sequer para ir com suas esposas ao Coachella, por causa da "luta pelo dinheiro", não iriam, por um milagre, entender o que ocorreu antes de seus berços.
Duas conversas com colegas mais velhos de profissão não trazem a vivência necessária do passado, não fazem um médico nascido nos anos 1950 uma testemunha ocular dos anos 1940 nem fazem o empresário de 1968 se sentir "adulto" nos anos 1960.
Essas pessoas são gente sem passado, sem presente e sem futuro.
São apenas pessoas ocupadas na busca do dinheiro e do prestígio social.
Eles ficam perguntando demais sobre o tempo em que não viveram, e ocultam a juventude que ignoram que viveram.
São pessoas que ainda me perguntarão o que é viver os 50 anos.
Talvez se usarem menos sapatos de couro em situações informais, parassem de fumar e tomar menos bebidas alcoólicas, isso seja o início de um novo aprendizado de vida.
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