Ontem, apesar de toda a pressão para Lula ser preso e quando mesmo as esquerdas esperavam que o ex-presidente se tornasse um detento, houve um ato de resistência.
Lula passou o tempo todo no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, ao lado de integrantes do PT e de outros partidos e organizações, além de personalidades que vieram cumprimentá-lo e apoiá-lo.
Lula não se tornou foragido, como estupidamente declararam alguns de seus opositores, quando se expirou o prazo determinado pelo juiz Sérgio Moro para Lula se entregar à Polícia Federal.
O ex-presidente ficou no sindicato, enquanto populares se juntavam na entrada do local para se manifestarem e manterem vigília em solidariedade ao petista.
Lula não se entregou porque esperou que os advogados de defesa recorressem a novos recursos jurídicos, garantidos por lei, para evitar sua prisão.
Foi um dia de aparentes impasses. A Polícia Federal poderia reagir, o que seria tendência em outros tempos.
Mas a PF não reagiu, invadindo o sindicato, dando ordem para Lula se entregar e reprimindo os manifestantes que estiverem protegendo o ex-presidente.
O Estadão até lembrou que os manifestantes que estiverem impedindo a PF de cumprir a ordem de prisão do ex-presidente poderiam ser presos.
A grande mídia até cobrou a rendição do ex-presidente, como a Globo e a Band (pelo menos é o que eu vi nas televisões exibidas nos estabelecimentos comerciais).
Mas as imagens - que, pelo menos no caso da Globo, pegou imagens do canal de esquerda TVT - do povo se manifestando na entrada do Sindicato dos Metalúrgicos não dava para fazer mentir.
A popularidade de Lula deixou perplexos até os membros da Operação Lava Jato que foram tentar negociar a prisão.
Isso faz com que a ação policial fosse hesitante, por causa da repercussão que pode causar nas redes sociais e o legado que pode deixar para a História.
Sem falar de que a repressão policial poderia ser mais um tópico para a matéria Golpe de 2016, lecionada em várias universidades.
Aparentemente, Lula se entregará depois da missa em memória de sua esposa, Marisa Letícia Lula da Silva, que faria 68 anos hoje.
A defesa de Lula já entrou com três ações para barrar sua prisão.
Uma é destinada ao Superior Tribunal de Justiça, outra, para o Conselho de Direitos Humanos da ONU para obrigar o Governo Federal a impedir a prisão do ex-presidente.
Uma terceira foi novamente destinada ao Supremo Tribunal Federal, com chances de ser rejeitada.
Afinal, a relatoria será feita pelo ministro Luiz Edson Fachin, que já votou pela rejeição do pedido anterior, e ele será relator sob a colaboração direta da presidente Carmen Lúcia, também inclinada à rejeição.
Até a edição deste texto, Lula não foi preso. E, se for, será um preso político.
Pelo menos, a lição de ontem foi que o ato de Lula e seus apoiadores foi uma grande resistência, o que mostra que as forças progressistas têm um bom poder de pressão, que cabe se manter ou se ampliar.
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