Do contrário que se especulava, Lula ainda não se entregou à Polícia Federal de Curitiba, medida que tem até 17 horas para ser feita.
A medida teria sido um ato de prudência. Lula passou a noite na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, e afirmou que não vai se entregar à Polícia Federal.
O sindicato é o "berço" da carreira de Lula como sindicalista, há mais de 45 anos.
Os advogados de defesa resolveram agir, aproveitando as garantias jurídicas para evitar a prisão, daí o fato da ação não ter sido consumada, conforme se imaginava e como deseja o juiz Sérgio Moro.
A defesa do ex-presidente entrou com novo pedido de habeas corpus, enviado ao Superior Tribunal de Justiça.
O pedido de habeas corpus será analisado pela quinta turma, na pessoa do ministro Félix Fischer.
Os advogados de Lula também entraram com medida cautelar no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
A medida pede que o governo brasileiro se esforce para impedir que Lula fosse preso antes de todos os recursos jurídicos da defesa serem esgotados.
A medida cautelar foi protocolada, hoje mesmo, na ONU, por Cristiano Zanin, sua esposa Valeska e o advogado britânico Geoffrey Robertson, que representa a causa de Lula na ONU.
Quem acabou preso, hoje, é alguém ligado aos tucanos.
O ex-diretor da DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S/A) durante gestões do PSDB, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto.
Paulo, juntamente com outras quatro pessoas, é réu por formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema público de informação.
O grupo é acusado de, entre 2009 e 2011, de desviar recursos de R$ 7,7 milhões (com base em valores da época) que seriam destinados a dar novas moradias a pessoas desalojadas do terreno usado para obras do trecho sul do Rodoanel, e outras finalidades.
Essas finalidades foram o prolongamento da Avenida Jacu Pêssego e a Nova Marginal do Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo.
Paulo Preto é considerado "laranja" dos esquemas de corrupção associados a José Serra, que foi absolvido porque esses esquemas "caducaram" (ou prescreveram, segundo o jargão do Direito).
O ex-diretor da DERSA também é acusado de ter ligações com o governador paulista Geraldo Alckmin em supostos esquemas de corrupção do metrô de São Paulo.
Consta-se que a prisão, de acordo com informação de Joaquim de Carvalho, do Diário do Centro do Mundo, é "cortina de fumaça" para reduzir o impacto da prisão de Lula.
Além disso, é uma maneira da Operação Lava Jato dar a impressão de que é "imparcial", prendendo alguém ligado ao PSDB.
Voltando a Lula, o ex-presidente do PT, Rui Falcão, disse que o ex-presidente não vai se entregar.
Além disso, os movimentos sociais já estão realizando protestos contra a prisão. Sindicatos e o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) já estão bloqueando estradas em várias partes do Brasil.
Várias rodovias estão tendo congestionamentos por causa dos protestos.
Um reacionário, na Paraíba, tentou furar o bloqueio e seu motorista, indignado com a manifestação, deu um tiro que feriu a manifestante Lindinalva Pereira da Silva, que foi hospitalizada mas está fora de perigo.
Ontem à noite quem saiu ferido foi um manifestante anti-PT, que havia ido à sede do Instituto Lula, em São Bernardo do Campo, para debochar dos petistas devido à ordem de prisão do juiz Sérgio Moro.
O ex-presidente Lula havia deixado o local antes e o "manifestoche" foi empurrado pelos apoiadores de Lula, mas, desnorteado, o anti-petista foi atropelado por um caminhão.
O anti-petista sofreu traumatismo craniano, passou por uma cirurgia e seu estado de saúde hoje é estável.
Está havendo uma crise institucional muito grande e o fato de Lula não ter se entregado hoje e um novo pedido de habeas corpus ter sido lançado representa uma situação de confronto.
É o confronto entre as forças reacionárias que querem ver Lula preso - e até morto, como Oscar Maroni, dono do Bahamas Motel Club, que ofereceu "cerveja grátis por um mês" para quem matar o ex-presidente na prisão - e os que querem ver Lula livre e eleito para novo mandato presidencial.
Curiosamente, Maroni é, para desespero de certos setores das esquerdas, acusado de atuar em prostituição através do motel.
Isso desmente a ideia linda da prostituição como "atividade libertária", como se difundiu muito através da atuação da intelectualidade "bacana" nas mídias de esquerda.
Esquecem esses intelectuais que existe uma grande diferença entre se solidarizar com as prostitutas e defender a prostituição.
A institucionalização de atividades paliativas ligadas ao povo pobre, como morar em favelas, trabalhar em comércio clandestino e praticar prostituição, acaba mais prejudicando favelados, camelôs e prostitutas do que os beneficia.
A espetacularização que está por trás dessa institucionalização favoreceu mais a sociedade reacionária, que agora se acha com mais poder para pedir a prisão e até a morte de Lula.
Daí que a defesa do "popular demais" pelos intelectuais "bacanas" só favoreceu a "nação coxinha" que não está gostando dos esforços do PT para evitar a prisão de Lula.
O dia ainda não acabou e novas notícias podem aparecer.
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