Os anti-petistas mais histéricos tentam agora fazer drama e encenar seu teatro de valentia para conseguir o que querem: tirar Lula da corrida presidencial de 2018.
Esta semana, Alexandre Frota, que um dia foi uma celebridade medíocre, porém "razoável", até se tornar um empresário de siliconadas do "funk" e paranoico militante de direita, fez mais uma gafe.
Foi com seus colegas "coxinhas" para a residência do ex-presidente da República em São Bernardo do Campo para protestar, com o boneco inflável Pixuleco (caricatura de Lula com roupa de presidiário), no último dia 19.
Foram expulsos por manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, mas inventaram que "já tinham ido embora" quando os membros do MTST chegaram.
O Movimento Brasil Livre (aka Movimento Me Livre do Brasil) também criou o CarnaLula, uma série de protestos "animados" pedindo a prisão do petista.
O Partido dos Trabalhadores inverteu a ironia, e, em Recife, criou o Bloco do Sapo Barbudo (nome que Leonel Brizola, então rompido com Lula, definiu o petista), em favor do ex-presidente.
Está se formando um clima para o julgamento do dia 24.
Há muitas controvérsias se, caso Lula for condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), poderá ser ou não candidato à Presidência da República.
Não sou especialista nestas condições legais, mas posso dizer que as elites reacionárias simplesmente querem Lula fora da competição, mesmo se a lei permitir tal empreitada.
Uma nova estratégia está sendo montada, que é destruir o pai através de acusações infundadas contra os filhos.
Os filhos de Lula - viúvo há quase um ano da ex-primeira-dama Marisa Letícia - agora serão acusados de serem "sócios", com o pai e outros envolvidos, de "imóveis suspeitos" localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Esse é o tom da revista Época deste fim de semana, mas com crédito do próprio dia 24 de janeiro de 2018, quarta-feira, data do julgamento.
O julgamento em si é risível, porque perdeu o falso motivo que o justificava. O triplex do Guarujá, tão alardeado como de propriedade de Lula, foi penhorado em nome da OAS.
Em outras palavras, a OAS é dona do imóvel, não o ex-presidente.
Por isso, os desembargadores do TRF-4 e a Operação Lava Jato devem estar procurando um crime, numa força-tarefa para encontrar algo que supostamente incrimine o ex-presidente.
No caso dos filhos de Lula, os supostos imóveis foram alvo de uma batida policial. Os imóveis eram 33, juntando os dois Estados sudestinos.
Certamente, a "reportagem" traz "revelações" constrangedoras, que soam como um linchamento moral contra a família Lula da Silva.
Mas o que chama a atenção é a gafe cometida pelo crédito da foto na capa de Época.
A foto de Lula, com Marisa e os filhos, tem como crédito "São Bernardo do Campo, 1974".
O detalhe é que aparece, na garagem da casa, um automóvel FIAT 147 GL.
A informação de 1974 é duplamente errada: a marca FIAT só chegou ao Brasil em 1976 e o modelo 147 GL foi lançado em 1979.
Eu acompanhei o nascimento da FIAT quando eu tinha cinco anos, em 1976. Teve até comercial gravado na Ponte Rio-Niterói.
Também acompanhei o lançamento do 147 GL, que apenas tinha pequenas diferenças estéticas em relação ao primeiro 147, o modelo inaugural da marca italiana.
A gafe pode ser mera coincidência, mas 1974 é uma obsessão das elites brasileiras.
O ano foi a "época feliz" em que as elites (classe média alta e os ricos) viveram os privilégios do "milagre brasileiro" e a promessa de uma democracia controlada com o afrouxamento da ditadura prometido pelo general Ernesto Geisel.
Mas creditar uma foto de 1979 como se fosse de 1974 é mais do que evidente um erro grotesco de informação.
O que mostra a que nível está o jornalismo da grande mídia, que, salvo exceções honrosas, anda cada vez mais deplorável.
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