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JOÃO DÓRIA E A "RAÇÃO HUMANA" QUE HUMILHA OS POBRES


Na sua coleção de gafes, João Dória Jr. veio com uma grande habilidade.

A de ser um populista-elitista, juntando dois apelos bastante distintos.

Isso se deu pela decisão do prefeito de São Paulo em criar o programa "Alimento para Todos", oferecendo comida processada para as populações carentes, incluindo moradores de rua.

A ideia, em tese, não parece ruim, à primeira vista: reaproveitar restos de comida aproveitáveis para consumo e transformá-la num composto alimentar para distribuição para as pessoas carentes.

O problema é a forma como ela será feita, e a falta de informação que existe a respeito de procedências, prazos de validade, técnicas, custo do investimento etc.

Além disso, o conhecido prefake não parece ter preocupação real com o bem estar das classes populares.

O seu programa mais parece uma propaganda camuflada de programa social, dessas que, no âmbito da habitação, só servem para promover a marca da empreiteira em questão.

No caso do "Alimento para Todos", no qual o produto processado ganhou até nome de fantasia, "Allimento" (com dois "ll"), ração a ser produzida pela empresa Plataforma Sinergia.

A empresa é de propriedade de Rosana Perrotta, ex-executiva da Monsanto, empresa estadunidense produtora de alimentos transgênicos e agrotóxicos.

A medida do prefeito paulistano está sendo feita sem qualquer estudo nutricional, sem transparência e sem sequer discutir com a população a respeito do assunto.

Além disso, existem maneiras bem mais humanistas para combater a fome que atinge muitos pobres na maior cidade da América Latina.

Que tal, por exemplo, desenvolver programas de inclusão social, melhorando a Educação pública e o emprego?

Esses programas de inclusão social fariam as populações pobres se emanciparem socialmente, obtendo renda suficiente para a aquisição dos alimentos que necessitam.

Entidades como o Conselho Regional de Nutricionistas definem o programa de Dória Jr. como um retrocesso.

Os movimentos sociais já expressam um grande repúdio a esse programa, que trata as populações pobres como se fossem cachorros domésticos.

A imagem de João Dória Jr. já anda desmoralizada pelo abandono que ele fez à cidade que administra.

O prefeito de São Paulo anda excursionando por todo o país e parte do exterior, achando que assim se tornará um grande líder político e um presidenciável para 2018.

Dória andou com relações estremecidas com políticos de PSDB.

Seu mentor político, o governador paulista Geraldo Alckmin, anda preocupado com as ambições de seu pupilo.

O veterano membro do PSDB, Alberto Goldman, se queixou que a capital paulista "não tem prefeito" e se queixou da falta de comprometimento do prefeito com a cidade, preocupado que está em ser candidato à Presidência da República.

Goldman chamou João Dória Jr. de "prepotente, arrogante e preconceituoso".

Irritado, o prefeito de São Paulo acusou Goldman de viver à sombra de José Serra e, outrora, de Orestes Quércia, e chamou o veterano político de "incompetente" e "improdutivo".

Se João Dória Jr. é capaz de disparar farpas assim contra um colega de partido, é sinal que sua situação está bastante complicada.

E ainda mais com esse estranho projeto de combater a fome dos paulistanos mais pobres, tratados como se fossem cachorros de rua recolhidos a um canil.

São Paulo perde com um político desses, autoproclamado "gestor".

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