Algo estranho está ocorrendo.
O presidente Michel Temer sofre um profundo desgaste e políticos do PMDB vivem seu grande inferno astral.
Ontem, foi mantida a prisão preventiva do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
Já se aprofunda a crise política e até a Câmara dos Deputados, que tem em mãos a denúncia do procurador Rodrigo Janot contra o presidente.
Existe uma preocupação do presidente da casa, Rodrigo Maia, de apressar as votações e o desfecho do tema antes do recesso parlamentar, que será no próximo dia 18.
Rodrigo, do DEM carioca, era até pouco tempo um aliado absoluto de Michel Temer. Mas hoje parece mexer os pauzinhos para assumir o Executivo federal, por via indireta.
O Congresso Nacional quer a votação indireta porque quer obter protagonismo e vantagens.
Protagonismo e vantagens pessoais são os motivos da plutocracia política, jurídica, midiática e emrpesarial, o que os leva a se chocarem uns aos outros.
Todos querem protagonismo.
De Eduardo Cunha a Joesley Batista, passando pela Rede Globo, Rodrigo Janot, Edson Fachin, Rodrigo Maia, Deltan Dallagnol, Sérgio Moro, Carmen Lúcia, Renan Calheiro, etc.
Até o próprio Michel Temer luta por seu protagonismo. Aécio Neves, também.
E aí vem a estranheza. O governo Temer se agoniza e seu projeto de governo, antes associado ao ex-deputado Eduardo Cunha, agora tenta fugir do vínculo com o temeroso presidente.
Cunha já está finalizando seu documento de delação. que atingirá diretamente o presidente Temer.
Temer vive seu ocaso pessoal, mas seu legado, o "pacote de maldades", parece ser transferido para outros responsáveis.
As reformas trabalhista e previdenciária estão nas mãos do Legislativo.
A terceirização total no mercado de trabalho e o congelamento de gastos públicos, antes bandeiras de Cunha e depois de Temer, se "institucionalizaram".
Projetos de desnacionalização da economia e privatizações fantasiadas de "concessões" estão nas mãos do Legislativo, também.
A "ponte para o futuro", ou seja, a "pinguela" proposta por Temer tenta sobreviver ao seu próprio governo.
Até a entrega do pré-sal tenta sobreviver a esse cenário.
Aparentemente, há uma quase unanimidade pela saída de Michel Temer.
Haverá até uma canção, "Xô Vampirão", produzida pela empresária e ex-atriz Paula Lavigne.
Vários cantores e personalidades aparecerão fazendo campanha pelo "Fora Temer".
Até a cantora Anitta marcou presença na gravação do clipe.
Mas antes que o pessoal saia guevarizando por aí - é só Anitta aparecer numa polêmica e tem fulano criando "revolução socialista" do nada - , a Globo irá produzir o vídeo.
O barco de Temer está afundando, mas a novela da plutocracia não acabou.
Primeiro, porque Aécio Neves, a princípio tão encrencado quanto Temer, está tentando recuperar sua trajetória política.
Segundo, porque haverá pressões das elites para haver eleição indireta para a sucessão de Temer.
Terceiro, porque tudo será feito para impedir que Lula ou alguém forte do PT possa vir a concorrer ou vencer as eleições presidenciais de 2018.
As elites podem não ter caráter, podem ser inconsequentes e até grosseiras.
Mas, infelizmente, elas ainda têm dinheiro e influência.
E uma pesquisa ainda apontou que 60% dos entrevistados - uma amostra da sociedade brasileira - estão submissos à grande mídia.
O garçom Temer poderá ir embora, talvez, mas o cardápio da "ponte para o futuro" tende a permanecer, lamentavelmente.
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