Nisso que dá haver as passeatas do pato de borracha e das camisetas da CBF.
Abriu-se caminho para um governo marcado de retrocessos sociais.
Em quase dois anos, o Brasil passou a viver uma comédia surreal.
Uma série de propostas contrárias à qualidade de vida da população passaram a prevalecer.
Preconceitos sociais antes à beira de se tornarem crimes hediondos, e alguns até considerados inafiançáveis, voltaram a ser abertamente expressos.
Até defender a redução salarial é feito sem pudor por muita gente nas mídias sociais.
E aí veio a defesa da reforma trabalhista do governo Michel Temer, que representa todo esse obscurantismo high tech.
Temer jura que a reforma "irá modernizar" as relações entre patrões e empregados.
O temeroso presidente, da mesma forma, disse que "vai preservar" os direitos dos trabalhadores.
No entanto, é aquele jogo psicológico: a reforma trabalhista "libera o caminho" para os patrões fazerem o que quiserem.
Os trabalhadores "poderão" ter carga horária maior e salários menores.
As gestantes "poderão" trabalhar em condições insalubres.
Férias podem ser até mesmo reduzidas e, mesmo fatiadas, não possibilitarão o relaxamento e a reciclagem mental necessária para o retorno ao trabalho.
E o pior é que a reforma trabalhista, evidentemente omitindo esses pontos sombrios, é defendida pelos telejornais e periódicos da mídia hegemônica.
As pessoas dormem tranquilas ignorando a catástrofe que virá em novembro, talvez depois do sepultamento da CLT no Dia de Finados.
Será o mês em que a reforma trabalhista será posta em prática, com as "novas" regras.
Entre essas novas regras, uma prática digna de corrupção política.
A de que o trabalhador, sob decisões "superiores", pode virar "pessoa jurídica", se transformando numa "empresa-fantasma".
É a chamada "pejotização", que só aumentará o status do trabalhador na embalagem, mas o rebaixará de forma humilhante no conteúdo, já que perderá vários de seus direitos.
E, nos processos trabalhistas, o empregado ainda tem que arcar com os custos da Justiça, principalmente advogados.
Tudo para "aliviar" as obrigações trabalhistas dos contratantes.
E todas essas decisões partiram dentro de uma perspectiva ideológica de "moderação", "objetividade" e "tecnicidade" que fez a plutocracia retomar o poder.
É assustador que as pessoas que passam a decidir e defender estas atrocidades aos trabalhadores são marcadas por esse prestígio ligado à responsabilidade, objetividade e moderação.
Com a reforma trabalhista, juristas sérios garantem que a medida só fará aumentar a crise.
Junte-se a degradação do trabalho, a decadência salarial, a queda do consumo e as convulsões sociais e se verá um quadro desolador.
Será preciso o erro acontecer para muitos terem noção do mesmo.
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