A crise do governo Michel Temer chega ao seu ponto mais crítico.
Há dias Temer praticamente não governa, apenas jogando para tentar se salvar.
Aparentemente, a crise "acabou", mas o que se observa é que a crise acabou... de começar.
A base aliada já começa a planejar seu desembarque gradual do governo.
Temer, para piorar, cometeu mais uma gafe, quando, em mais um de seus vídeos defendendo seu próprio governo, disse que "ajudou a voltar o desemprego".
Se não fosse uma desatenção, teria sido uma manifestação de sinceridade.
Temer fez somar três milhões de desempregados aos 11,2 milhões registrados no final do governo Dilma Rousseff.
O governo Temer já tem demonstrações que consideram que o governo acabou.
Seu maior aliado, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, até pouco tempo um parceiro absoluto de Temer, já se prepara para sucedê-lo na surdina.
Temer não acredita na traição de Maia, dizendo que ele lhe "dá provas de lealdade o tempo inteiro". Aparentemente, Maia também se diz "fiel" ao presidente.
No entanto, Maia já articula uma equipe ministerial. Se prepara para comandar a República seja como interino ou como um possível candidato a uma eleição indireta.
Autoridades da reunião do G-20, em Hamburgo, na Alemanha, também consideram Temer chefe de um "governo terminal".
Políticos do PSDB como Cássio Cunha Lima e Tasso Jereissati também acreditam que o governo temeroso está no fim.
Até o advogado de defesa de Temer no processo que analisa a denúncia contra ele por corrupção, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, não acredita que seu cliente seja inocentado.
E Eduardo Cunha andou envolvido com outras pautas-bombas: as pautas de seu minucioso texto sobre as "lembranças" de seus antigos parceiros.
Uma longa delação tem como principal alvo justamente Temer, mas foca também seus homens fortes, como Romero Jucá, Moreira Franco, Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, entre outros.
Enquanto isso, Aécio Neves é aparentemente alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal.
Sob acusação de corrupção passiva e obstrução de justiça, o inquérito tem como relator o mesmo ministro Marco Aurélio Mello que devolveu Aécio ao Senado Federal.
Será uma "investigação amiga", se verificarmos que outros dois ministros, Alexandre de Moraes e, sobretudo, Gilmar Mendes, são muito solidários com o mineiro.
Enquanto isso, Temer tenta "devolver" seus ministros para a Câmara dos Deputados para votarem contra a denúncia.
A crise do governo plutocrático se arrasta, mas parece que o governo atinge um ponto insustentável.
Mas será apenas o fim de uma etapa. Temer poderá sair, mas seu legado tende a permanecer.
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