O Supremo Tribunal Federal, através da decisão do ministro Marco Aurélio Mello, autorizou Aécio Neves a retomar o trabalho no Senado Federal.
Marco Aurélio também vetou o pedido de prisão do senador, acusado de envolvimento em vários esquemas de corrupção e um dos principais denunciados pela delação de executivos da JBS.
O pedido havia sido feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O ministro argumentou: "Em síntese, o afastamento do mandato (de senador) implica esvaziamento irreparável e irreversível da representação democrática conferida pelo voto popular".
Mello também argumentou que "a liminar de afastamento é, de regra, incabível, sobretudo se considerado o fato de o desempenho parlamentar estar vinculado a mandato que se exaure no tempo".
E mais: "perigosíssima criação jurisprudencial, que afeta de forma significativa o equilíbrio e a independência dos Três Poderes. Mandato parlamentar é coisa séria e não se mexe, impunemente, em suas prerrogativas".
Esse argumento se deu num documento de dezesseis páginas.
É o mesmo STF que permitiu que Dilma Rousseff tivesse seu mandato ceifado por conta de um boatozinho sobre uma prática comum, a de "pedaladas fiscais", na verdade uma manipulação de dados fiscais considerada normal na República.
Marco Aurélio alegou que Aécio Neves deve zelar por seu mandato eleito pelo voto popular e que é arriscado puni-lo por supostas acusações.
Merval Pereira, porta-voz da mídia venal e astro das Organizações Globo, elogiou a atitude do ministro do STF:
"A decisão de afastar um senador do mandato deveria ser do próprio Senado. Houve um exagero do ministro Edson Fachin ao tomar essa medida", escreveu.
Merval acrescentou: "Aécio volta ao Senado, mas o processo contra ele continua, sob a relatoria do ministro Marco Aurélio, que fez bem em autorizar o seu retorno".
Aécio estará "livre, leve e solto" para acompanhar as votações das amargas reformas do governo Temer.
Será como um craque que foi suspenso com cartão vermelho e volta ao jogo para ajudar seu time a fazer gols.
Mas Dilma Rousseff, por pouca coisa, foi expulsa do mandato sem dó.
Não valeram sequer apelos estrangeiros, como abaixo-assinados de parlamentares e de celebridades dos EUA, nos quais até Susan Sarandon, Viggo Mortensen e Harry Belafonte (do clássico "The Banana Boat") se manifestaram contra o impeachment.
Já que citamos o ministro do STF, Edson Fachin, ele soltou o ex-assessor de Temer, Rodrigo da Rocha Loures, depois dele passar mal e ser internado no hospital.
Ele sairá da prisão hoje, mas com restrições, usando tornozeleira eletrônica e terá que viver em recolhmento domiciliar, ficando em casa durante as noites e em todos os fins de semana e feriados.
Loures é o "homem da mala", com imagem gravada dele correndo com uma mala cheia de R$ 500 mil reais. Era o intermediário nos acordos de propina entre Michel Temer e a empresa JBS.
Indo mais adiante no noticiário político, vamos agora citar outro senador, Renan Calheiros, que admitiu que o impeachment "foi um erro".
"A ideia de que todos os problemas se resolveriam com o afastamento dela foi uma estratégia do Eduardo Cunha para governar sob as costas do Michel", confessou ele, sobre o tal impedimento.
Renan acrescentou: "Quando ela (Dilma) entregou a coordenação política ao Temer, eu tentei mostrar que aquela era uma aliança temerária".
E mais: "Todos os problemas se agravaram e agora a crise política está chegando a uma situação-limite, está cobrando uma saída, seja com a antecipação de eleições, como defendeu o Fernando Henrique, seja com a adoção do parlamentarismo".
Renan finalizou, sobre a renúncia à liderança do PMDB no Senado: "Agora que me liberei do desconforto da liderança espero poder contribuir mais neste sentido".
O senador do PMDB alagoano chorou o leite que ajudou a derramar.
Agora que rompeu com Michel Temer, Renan tenta agora parecer fora da plutocracia política e anda criticando as "reformas".
Mas aí é tarde demais. Agora que Dilma foi expulsa do poder, Temer agoniza com sua falência política e temos um risco da sucessão ocorrer por via indireta, Renan adota essa postura.
É fácil voltar atrás e pedir desculpas pelo ceifamento político.
Enquanto isso, Aécio Neves tem a chance de recompor sua carreira política, depois de tantos escândalos e encrencas em que se meteu.
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