Quando Michel Temer estava às boas com Dilma Rousseff, as esquerdas médias o viam com boa-fé.
Admirando a beleza da esposa Marcela, achavam que ela se destacava com "outro tipo de feminismo".
E, diante do vínculo com a jovem esposa, Michel Temer era tratado como se fosse um estadista do nível de Juscelino Kubitschek.
As circunstâncias fizeram mudar a situação.
Temer traiu Dilma e, tornando-se aliado dos rivais do PSDB, estabeleceu um golpe político-institucional com as ações do Judiciário e a propaganda da grande mídia venal.
E temos o governo desastroso que hoje vemos.
Nem um pingo de Juscelino Kubitschek.
E se descobriu que Marcela seguia o estilo da esposinha submissa do século XIX. Bela, recatada e do lar.
Temer está muito preocupado com as reforças trabalhista e da previdência, além das privatizações.
E assiste de camarote ao desmonte das empresas nacionais de infra-estrutura, por causa da ação imperiosa da Operação Lava Jato.
Por trás disso, está o processo de desindustrialização e radicalização da desnacionalização da economia brasileira.
Empresas acusadas de corrupção, como a Odebrecht, interrompem projetos importantes e entram em falência e são cobiçadas por compradores estrangeiros.
Sem falar que, politicamente, Temer deixou o Brasil vulnerável e praticamente desgovernado.
Juscelino estabeleceu um clima de esperança e otimismo.
Ele queria fortalecer a indústria nacional, mesmo que seja instalando filiais de empresas estrangeiras.
Pelo menos JK botava as gringas para trabalhar.
E, em vez do lamentável Conselhão de Temer, JK tinha o Instituto Superior de Estudos Brasileiros, o ISEB.
O ISEB não dava apenas palpites, estudava os problemas do país e apontava soluções em favor do interesse público.
O Conselhão só dá palpites que são contra o interesse público. No cardápio, Escola Sem Partido e terceirização geral.
Juscelino pode não ter elegido o sucessor, general Henrique Lott, promovido a marechal por ter garantido a posse do estadista mineiro, ameaçado de não assumir o mandato em 1955.
Lott teve que fazer um contragolpe para evitar o golpe que impediria JK de assumir o poder.
Mas hoje o golpe segue em frente, mas promoveu uma séria crise política.
Vemos um monte de valentões políticos com medo de encrencas, entrando em atritos ou tentando salvar a pópria pele.
Como é que o brasileiro médio consegue ficar feliz e esperançoso com tudo isso é um mistério.
Afinal, isso nem de longe é perseverança ou jogo de cintura. Mais parece masoquismo ou ingenuidade.
Ou a ilusão de que, diante de um governo desses, que cinicamente se define como "moderado", a "sociedade civil" não possa ser prejudicada.
Ela já está sentindo o prejuízo. E Temer só conseguiu agravar o desemprego, a crise econômica.
Dos 11,2 milhões de desempregados no ocaso do governo Dilma, se somaram mais de 1,7 milhão. São agora 12,9 e podem aumentar.
Mas enquanto Copacabana não virar território dos hotéis da Califórnia e os times cariocas continuam em alta, a "sociedade bem" segue feliz da vida e rindo à toa.
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