A farsa da PEC 241 revela uma lição amarga que o Brasil viveu há 26 anos.
Quando tomou posse, Fernando Collor de Mello, em março de 1990, anunciou a medida amarga do confisco das poupanças dos brasileiros.através do que foi chamado Plano Collor.
Naquela época, a equipe de Collor, aparentemente tecnocrática, estabeleceu um plano de medidas tão enérgicas que as do governo Temer hoje.
A desculpa era a hiperinflação deixada pelo governo de José Sarney, em 1989.
Congelamento de preços e salários, corte de incentivos fiscais, ameaça de privatização de estatais, até de universidades.
Tinha a substituição do Cruzado Novo pelo Cruzeiro, na sua última "reencarnação" antes de ser substituído pelo Real, atual unidade monetária brasileira.
Mas o que afetou milhares de brasileiros foi o confisco das poupanças.
As contas foram bloqueadas por 18 meses e os saques limitados a NCz$ 50 mil.
A alegação sempre foi de que o confisco era urgente para resolver a crise econômica.
Collor prometia "devolver" o dinheiro que "pegou" das poupanças.
Isso já abalou seriamente a popularidade do presidente, que já era um fenômeno político artificialmente construído.
O confisco da poupança, se revelou depois, era para pagamento do esquema do tesoureiro Paulo César Farias.
Aí vieram as denúncias de corrupção, as passeatas do "Fora Collor", com Lindbergh Farias como líder estudantil, e depois o impeachment do presidente.
24 anos depois, Lindbergh e Collor tinham a mesma função, senadores, que atuaram na votação final do impeachment de Dilma Rousseff.
Na votação final, Lindbergh votou contra o afastamento, Collor votou a favor. A causa deste último prevaleceu devido a outros 60 votantes, e Dilma não conseguiu retornar ao poder.
E aí vemos o governo Temer com sua agenda da República Velha.
Com cortes de gastos nos setores públicos, sob o pretexto de "evitar abusos".
Temer já recuou de algumas decisões, e "ampliou" um pouco os investimentos públicos e autorizou os Estados a "ampliar" os tetos de investimentos.
Além disso, determinou que irá implantar a "PEC do Teto" não em 2017, mas em 2018.
Mas isso não parece ser o bastante.
Enquanto isso, generosas verbas públicas são dadas para quem não precisa.
Imagine o que o valor dado às corporações midiáticas, inclusive as Organizações Globo, daria para a Educação e a Saúde?
Temer nunca falou em aumentar os impostos dos ricos, e isso quando não há isenção ou sonegação.
O que se teme (olha o trocadilho) é o que a PEC 241 esconderá da população, em termos de esquema de corrupção.
Mas isso "não vem ao caso", como diria Sérgio Moro, o juiz midiático sósia do Clark Kent.
Sabe-se, porém, que o povo brasileiro é que pagará mais caro com essa proposta.
E, como em toda farsa político-econômica feita para favorecer os ricos, o prometido crescimento econômico é praticamente impossível de acontecer.
Como na lorota do confisco da poupança do governo Collor.
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