O governo Temer cortou algo em torno de R$ 11,2 milhões em contratos de publicidade nos blogues e portais progressistas.
As informações completas estão no blogue O Cafezinho, em duas partes, esta e esta, com vários levantamentos do jornalista Miguel do Rosário sobre as verbas do Governo Federal à mídia patronal e outras corporações do nível (como Facebook).
Os levantamentos envolvem tanto o período anterior ao impeachment de Dilma Rousseff quanto o período do governo Temer, em especial a fase interina.
Critica-se a postura do PT que nunca se encorajou em promover uma política de regulação da mídia.
Mesmo nos governos Lula e Dilma, se permitiu e até foi estimulado o envio de subsídios à mídia patronal, através de contratos publicitários com empresas do governo.
Uma noção disso é você ver, na abertura do Bom Dia Brasil, da Rede Globo, o patrocínio do Banco do Brasil.
Ou ver anúncios da Caixa Econômica Federal nas páginas de Veja.
Dilma Rousseff chegou a comparecer a eventos promovidos pela mídia patronal.
A intenção era diplomacia, mas o PT errou feio nessa postura.
A título de comparação, Cristina Kirchner, na Argentina, tentou quebrar o monopólo de grupos poderosos de mídia, como o Clarín.
Na Bahia, criou-se um esforço para combater os impérios midiáticos regionais (Rede Bahia, Metrópole etc), com a Secretaria de Comunicação Social do governo estadual.
Com a complacência do PT, a grande mídia privada se fortaleceu e se voltou contra Dilma.
Criou toda aquela histeria que impulsionou as passeatas com camisa da CBF, que nem foram tão fortes assim como se imagina.
Eu vi algumas passeatas anti-PT, na Praia de Icaraí, em Niterói, e sua população só conseguia preencher um quarteirão, o trecho da Av. Jornalista Alberto Francisco Torres (a avenida da praia) entre as ruas Miguel de Frias e Álvares de Azevedo.
Não dá para preencher um Vale do Anhangabaú, diga-se de passagem.
Provavelmente, o 13 de Março das passeatas anti-Dilma também não passaram de mimimi reacionário.
A mídia, como era de seu interesse, as definiu como "históricas" e "revolucionárias".
Para sentir o que é o tratamento do governo Temer com a grande mídia, comparemos o seguinte.
Temer mandou cortar, em maio, R$ 11,2 milhões em publicidade para as páginas progressistas.
Os prejudicados foram páginas como Conversa Afiada, Brasil 247, Diário do Centro do Mundo, Fórum, Carta Maior, Jornal GGN, Opera Mundi e outros.
Miguel do Rosário fez um levantamento de dados da Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal (SECOM), e, entre maio e agosto de 2016, a fase interina do governo Temer, só a Globo recebeu quase R$ 16 milhões de reais de subsídios estatais.
Sozinha, a Globo recebeu mais do que o valor cortado que seria para a mídia progressista.
No mesmo período mensal, em 2015, a Globo recebeu em torno de R$ 13 milhões.
Um aumento de aproximadamente 25%.
Outras corporações da mídia privada receberam grandes benefícios.
O Grupo Abril, que entre maio e agosto de 2015, recebeu apenas R$ 52 mil, enquanto que, no mesmo quadrimestre de 2016, o aumento foi de 624%, recebendo em torno de R$ 380 mil.
O Grupo Folha, que no correspondente período em 2015, recebeu em torno de R$ 628 mil, passou a receber em 2016 justamente o valor próximo a um décimo do que Temer cortou da mídia alternativa: R$ 1,12 milhão.
Incluindo Facebook (com uma grande parcela de internautas anti-PT), SBT, Band e Estadão, e considerando o portal UOL como parte integrante do Grupo Folha, as verbas que o governo Temer, então na fase interina, foram dadas para a mídia privada foram de R$ 62 milhões.
Cerca de 5,5 vezes o valor cortado da mídia progressista.
Esse levantamento não inclui o levantamento das empresas estatais, que podem revelar valores ainda maiores.
E, pelo jeito, o presidente Michel Temer quer aperfeiçoar o seu sistema de comunicação.
De maneira oficial, ele contratou um ex-porta-voz do governo Fernando Henrique Cardoso, o diplomata Alexandre Parola, para divulgar as atividades do temeroso governo.
De maneira extra-oficial, Temer já negociou apoio de grupos como o Movimento Brasil Livre e Revoltados On Line, para difundirem uma imagem positiva do governo nas mídias sociais.
Para completar o serviço, generosas verbas para a grande mídia privada, cujos donos já possuem fortunas admiráveis.
A hipocrisia do governo Temer é definir como "de opinião" as páginas progressistas que deixou de patrocinar, acreditando que elas "não são de utilidade pública".
Se "de utilidade pública" são os textos inflamados de Merval Pereira, Eliane Cantanhede e, principalmente, o ranzinza Reinaldo Azevedo, ou o "profetismo" de Miriam Leitão, então é sinal que algo está errado no nosso país.
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