Com os resultados eleitorais da semana passada, a plutocracia resolveu apelar.
Disse que, com o voto livre, a tese de golpe político do governo Temer foi enterrada.
Juristas dizendo que Temer alcançou o poder "dentro da normalidade constitucional".
Jornalistas da mídia patronal dizendo que a "livre vontade do povo" sepultou o legado de Lula e Dilma Rousseff nas urnas.
O problema é que houve uma campanha de persuasão.
A pressão da Rede Globo e da Operação Lava Jato garantiu uma vitória majoritariamente conservadora entre os prefeitos e vereadores eleitos.
O contexto político de hoje é de um sadomasoquismo impressionante.
As autoridades querendo cortar direitos e conquistas do povo.
E o povo, até pela má influência da mídia venal, aceitando até a redução dos salários desde que tire a Dilma Rousseff do Governo Federal.
Há uma confusa utopia com o empresariado, com o poder privado, com a tecnocracia.
Muitos acreditam que a privatização, o corte de gastos públicos, o desmonte do Estado, o fim dos encargos, a redução das garantias sociais, irão trazer prosperidade para o povo brasileiro.
Virou até moda empresário dizer que os trabalhadores deveriam receber salários menores porque "eles não sabem gastar".
Inventam que os trabalhadores pedem aumento salarial para torrar o dinheiro com cachaça.
Visão muito preconceituosa. Mas o preconceito virou moda nesse país.
E vemos o governo Temer, com vários réus por corrupção, jogando dinheiro para os barões da mídia, e muita gente achando isso natural.
Muitos réus da Lava Jato estão envolvidos direta ou indiretamente com o governo Temer.
Há ministros falando demais, há muita confusão política, o próprio Temer envolvido em corrupção, falando bobagens, cometendo gafes.
Tivemos, sim, um golpe político pois, por mais que o PT seja criticável - e é mesmo, sobretudo depois das eleições deste ano - , ele procurava acertar, ainda que de forma imperfeita.
Podíamos até criticar o governo Dilma, mas ela nos trazia alguma confiança de que, com pressão, algo iria melhorar.
Hoje, não. Tudo está inseguro e sem a menor confiabilidade.
Se até o Poder Judiciário e o Ministério Público demonstram irregularidades vergonhosas, para instituições das quais se esperaria o máximo de transparência, imparcialidade e respeito maior às leis, então o Brasil está inseguro.
Interesses tendenciosos fizeram chegar ao desgoverno que agora temos.
A imprensa venal tenta dizer que "não foi golpe", com a arrogância extrema que é conhecida.
Mas foi golpe, sim, porque, juntos, Judiciário / MP, mídia patronal, políticos retrógrados e o empresariado e setores da sociedade associados, conquistaram o poder arrombando a porta da respeitabilidade.
A mídia e o Judiciário, claramente dotados de posições parciais e facciosas, favoráveis ao PSDB ou similares, é que fizeram o golpe da maneira mais sutil possível.
Deram uma roupagem jurídica, um espetáculo parlamentar, um simulacro de democracia eleitoral.
E isso depois de permitir que as mais pesadas ofensas fossem dirigidas a Lula e Dilma.
Mas, por baixo dos panos, eram interesses conservadores, retrógrados, obscurantistas, elitistas, preconceituosos que estavam em jogo.
Hoje se força uma mudança para o passado que, dependendo do contexto, pode levar o Brasil a ter momentos de República Velha, Segundo Império ou mesmo a ditadura militar.
Portanto, não é só um golpe institucional, político ou social, mas também um golpe cronológico.
Um mutirão plutocrático para reconquistar à força os privilégios perdidos e forçar o retorno a velhos tempos, movidos os envolvidos por uma nostalgia doentia que remete sobretudo a Era Geisel.
Portanto, é um golpe, que trará efeitos danosos para o futuro do Brasil.
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