Como se fosse o "dono da verdade", Gilmar Mendes agiu com prepotência e arrogância a dois incidentes.
Um porque não gostou dos comentários que a atriz Mônica Iozzi fez contra o habeas corpus concedido ao médico estuprador Roger Abdelmassih, que fugiu após o benefício concedido.
"Cúmplice?", perguntou Mônica depois que lamentou essa atitude.
Gilmar Mendes resolveu processá-la, impondo uma multa inicial de R$ 30 mil por danos morais e alegou que ela havia "abusado" de seu direito de expressão.
O problema é que Gilmar, o magistrado midiático, é que quis pegar carona no carisma de Mônica, que havia levemente saído da mídia porque estava gravando um seriado de TV.
Mas Mônica nem de longe fez o comentário para obter visibilidade.
Conscientizada, Mônica falou como cidadã.
É aberrante que se ainda vive numa sociedade machista como o Brasil, onde agressores de toda espécie são beneficiados não só pela lei, mas também pela própria mídia patronal, que volta e meia cria reportagens transformando esses machistas em "coitadinhos simpáticos".
Gilmar, em outro incidente, mandou apreender os exemplares não vendidos de um livro, por causa de uma conversa que o jurista teve com William Bonner durante uma reunião de pauta do Jornal Nacional.
Gilmar não gostou da publicação do fato, mandou retirar os exemplares e só permitiu a publicação do livro sem sua descrição.
O comportamento de Gilmar Mendes é muito grosseiro. Isso não é uma opinião, mas uma constatação.
Ele age não como um jurista, mas como um político, e quer se promover às custas desse processo, se achando o todo-poderoso.
Não é à toa que Paulo Henrique Amorim, quando cita Gilmar Mendes, se refere ao "PSDB do Mato Grosso", porque a preferência do jurista pelo partido tucano é notória.
GILMAR MENDES CONFIRMA SUA PARCIALIDADE SAUDANDO MERVAL PEREIRA, DA GLOBO.
A arrogância de Gilmar Mendes destoa de qualquer atitude sóbria de um juiz de verdade.
Certa vez, em 2009, ele defendeu o fim do diploma de jornalista, que julgava "inconstitucional", e chamou os jornalistas de "cozinheiros".
"Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área.", disse, diante de tal comparação.
Gilmar também é conhecido por cortejar figuras da grande mídia, como certa vez, quando foi cumprimentar Merval Pereira no lançamento de um liv..., digamos, uma coletânea de textos.
Gilmar Mendes também demonstra amizade com políticos do PSDB e isso mostra uma coisa: parcialidade.
Um juiz de verdade não se mistura a veículos midiáticos nem a políticos, em clara cumplicidade.
Outro dado estranho foi a reunião que Gilmar fez com o então interino presidente Michel Temer.
Gilmar usou a desculpa de que a reunião de sábado à noite foi "por motivos de trabalho".
Ora, juiz não iria se dedicar um horário desses a um trabalho. Ele despacharia com o presidente dentro da carga horária normal, o que prova que a "reunião" foi apenas um encontro entre amigos.
Se bem que agora o STF está julgando a chapa Dilma-Temer e toda aquela estrutura que cerca o temeroso governo está um tanto estremecida.
Eduardo Cunha, artífice do impeachment de Dilma e "porteiro" do governo Temer, foi traído e teve mandato parlamentar cassado. Vai denunciar seus ex-aliados num livro que está em andamento.
João Dória Jr. venceu a eleição para a Prefeitura de São Paulo, criando um clima de saia justa tanto no PSDB quanto no PMDB.
Dória Jr. é protegido de Geraldo Alckmin, mas tem a reprovação de José Serra, ministro do governo Temer, e Aécio Neves, um dos mentores intelectuais do temeroso governo federal.
A vitória eleitoral do empresário coloca Alckmin como mais influente em 2018, podendo ser candidato à sucessão de Temer.
Será bom para o ministro temeroso da Justiça, Alexandre de Moraes, que poderá ser candidato ao governo de São Paulo, mas ruim para o das Relações Exteriores, José Serra, que queria a sucessão.
E Gilmar Mendes já não se entende com outro juiz midiático, Sérgio Moro.
Mendes chamou o pacote "anti-corrupção" de Moro de "cretino", por causa do polêmico item das "provas ilícitas" defendido pelo juiz paranaense.
Mendes também se desentendeu com Toffoli, depois que este soltou o ex-ministro Paulo Bernardo, e disse, sobre a ação dos procuradores da República na Operação Lava Jato, que "o cemitério está cheio desses heróis".
É um comportamento que mais parece a de um encrenqueiro.
A culpa não é nossa. Não é minha, não é de Mônica Iozzi, não é de Lula, Dilma nem do PT.
Se Gilmar Mendes quisesse processar alguém, deveria processar ele mesmo.
Afinal, ele é que atrapalha sua própria reputação de juiz de um órgão que deveria ser de alto nível, como o Supremo Tribunal Federal.
A atuação de Gilmar Mendes envergonharia até um calouro de uma faculdade de Direito. Isso é fato.
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