O trabalho de escanear revistas anda muito devagar e quase parando. Temos uma interessante memória dos anos 1970 e 1980 e o máximo que se tem ultimamente são pequenas e mal escaneadas amostras de revistas vendidas em portais como Mercado Livre e similares.
A preguiça está grande, a indisposição é injustificável, mas infelizmente Internet hoje em dia passou a predominar as patinações de dedos em tabletes e celulares restritas a consultas inócuas nas mídias sociais. Há um grande medo de que a inteligência perca a conexão na rede mundial de computadores.
A Biblioteca Nacional não ajuda. Ela cobra R$ 10 de escaneamento por página. Para piorar, o preço vale mesmo quando o leitor vier com sua própria máquina fotográfica. Isso em nada contribui para melhorar as finanças da conhecida instituição como também prejudica o trabalho de escanear e trazer para a Internet todo o conteúdo de revistas que não estão mais no mercado, a não ser em sebos.
E não se fala só de páginas "pragmáticas", do que há de manjado ou massificado. Revistas como Desfile e Nova Cosmopolitan se limitam a sessões de fotos ou capas com celebridades mais famosas, como Xuxa Meneghel. Nada de escanear mais páginas, mais conteúdo.
Poderia haver a moda de revistas digitalizadas, páginas próprias dedicadas. Poderiam haver iniciativas mais arrojadas, mais constantes, permanentes e bastante empenhadas. Só que até quem faz essa iniciativa de repente perde o embalo e empaca no descuido e na falta de novidades.
É o caso do portal Propaganda em Revista. A ideia é brilhante, o portal tem uma excelente proposta, contando com endereço na Internet propriamente dita e no Facebook. Há um bom tempo o portal anda parado, sem renovação de conteúdo, e mesmo no Facebook a atividade mais recente foi em 01 de janeiro.
Eu enviei os dois anúncios da Matitte Jeans, de 1984, para a página do portal no Facebook, extraídos da revista Veja em edições diferentes, de 11 de abril e 09 de maio, com a intenção de vê-los publicados no portal, mas até agora nada aconteceu. O portal não tem sequer uma página dedicada ao ano.
Outros casos também complicam. No caso de musas, por exemplo. Até agora ninguém colocou a sessão completa de fotos da atriz Carol Castro para a grife Feranda Jeans em 2005. Um curioso anúncio da Sanny Lingerie de 1985, publicado na Nova Cosmpolitan de junho de 1985, também não foi escaneado. E as sessões de fotos com as atrizes Suzy Rego e Adriana Esteves (esta de lingerie) para a Sandiz? Nada!
ANÚNCIO DA RARÍSSIMA EDIÇÃO DA REVISTA SAÚDE, DA EDITORA ABRIL, DE FEVEREIRO DE 1985, COM LUÍZA BRUNET NA CAPA.
E a revista Domingo do Jornal do Brasil? O que se tem são escaneamento de xerox que, muitas vezes, mostram imagens borradas que mal dá para melhorar, mesmo com o paciente processo de usar programas de edição de imagem (Adobe Photoshop, Corel Photo Paint e Photo Filtre) com os recursos de contraste, iluminação e substituição gradual de cores.
Anúncios publicitários, notícias, fotos de musas, de personalidades em geral, textos raríssimos, curiosidades históricas, prospectos de lojas, tudo isso precisa ser garimpado e colocado na Internet de maneira permanente, para criar uma memória acessível às pessoas.
Ninguém garimpa, ninguém digitaliza, uns argumentam que é perda de tempo, outros que é falta de dinheiro, e outros ainda que é falta de interesse, mesmo. É a turma do "pragmático", que só valoriza o básico, de tal forma que, de básico em básico, chega-se ao nível abaixo do básico. Nem todo mundo vive de necessidades primárias, tem que ir além.
Espera-se que, com esta postagem, os internautas deixem de brincar de Holiday on App, de patinação no smartphone e vão agir para escanear revistas, jornais e outras preciosidades impressas, porque Internet é acima de tudo informação, mesmo quando se trata de entretenimento e cultura.
Comentários
Postar um comentário