Não, eu não fui para a passeata do "Fora Dilma". Embora admita que o PT anda desgastado e precisa tirar umas longas férias de Governo Federal, eu não defendo o impeachment de Dilma. Paciência, os direitistas tinham todo o tempo para defender seus candidatos, nos dois turnos das eleições de 2014.
Eu estava fazendo caminhada na Praia de Icaraí, em Niterói, hoje de manhã, e, no meu caminho para a Praia João Caetano (antiga Praia das Flechas), um carro estava estacionado próximo à reitoria da Universidade Federal Fluminense (UFF) tocando "Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores", de Geraldo Vandré.
Puro oportunismo. Afinal, é uma passeata de direita, de um público mais elitista, e aí fica estranho tocar músicas como a do Vandré e a "Brasil", de Cazuza. Talvez fosse melhor o pessoal ter tocado "Revanche" e "Decadance Avec Elegance" do Lobão, porque, embora este tivesse sido amigo e até parceiro de Cazuza, ele descambou para a direitona.
As pessoas estavam gritando "Fora PT" diante de uma trilha musical que tocou algumas canções de rock. O pessoal "madrugou", porque lá pelas dez da manhã o protesto já ocorria nos dois quarteirões entre as ruas Miguel de Frias e Pereira da Silva junto à Av. Jornalista Alberto Francisco Torres.
O animador do protesto, em certo momento, lembrou que o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, era também do PT e o pessoal vaiou. Um grito de "É o chinelo de Pezão" foi dado, mas ficou por isso. Mas o animador, voltando à Dilma, deu seu grito de guerra: "Assaltante de banco, terrorista, Dilma não me representa!".
Sabe-se que Dilma Rousseff participou, nos tempos da ditadura militar, das guerrilhas estudantis contra a repressão, que assaltavam bancos para obter dinheiro para comprar armas e sobreviver naquelas condições improvisadas e arriscadas.
Houve até mesmo distribuição de adesivos pedindo "Fora Dilma". Segundo a imprensa de direita, as passeatas tiveram menos pessoas que as de 15 de março, No entanto, seus jornalistas alegam que a adesão envolveu mais cidades que no outro dia. Havia uma torcida para que as manifestações "dessem certo" de qualquer maneira.
Já na imprensa de esquerda, seus blogueiros faziam gozações e críticas. Houve até mesmo a hashtag #AceitaDilmaVez. E tudo indica que o movimento de hoje ficará por isso mesmo, só para informar à presidenta que uma parcela dos brasileiros faz oposição enérgica a ela.
O que pode acontecer é que, dentro de uns três anos, o PT saia do poder e não seja mais eleito. A verdade é que o Partido dos Trabalhadores anda desgastado e toda a esquerda está em crise, sem apresentar propostas profundamente progressistas. A esquerda precisa se reinventar, no Brasil, e está precisando de umas boas férias para poder parar e pensar.
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