Os barões da grande mídia estão tranquilos. Depois da polêmica causada por Ed Motta, que criticou a mediocridade cultural brasileira, o músico carioca pediu desculpas pela polêmica provocada, através de uma nota publicada no Facebook e apoiada pela esposa, Edna. Escreveu Ed:
"Uma retratação sobre meus erros.
Ninguém erra? Sim todo mundo erra, e em diferentes escalas, a pessoa pública não é Deus, está no mundo para errar assim como todos.
A forma que escrevi muitas coisas eu mesmo repudio, mas é fruto da minha cabeça lotada de revoltas, decepções na arte, paranoias etc que me fazem me entupir de um monte de remédios para ansiedade, depressão etc.
Não estou me vitimizando, estou me abrindo com vocês, porque assim como não tenho medo de me expor escrevendo merda, não me amedronto por minhas fraquezas que não são poucas.
Depois que se erra, existe um preço a pagar e eu sou completamente ciente disso.
Escrevi de forma raivosa e equivocada sobre algo que realmente atrapalha meus shows no exterior, quando se está no palco que é algo frágil emocionalmente, a sensação é de desespero quando ocorre um equívoco.
Peço desculpas a todos que se sentiram ofendidos com minhas frustrações.
Peço a Deus que eu não repita algo do gênero".
Evidentemente que Ed Motta não cedeu à pressão dos "coxinhas" que atacaram o artista. Ele não quis dizer que o pessoal está certo, que o "pagode", "sertanejo" e axé são de uma superioridade artística ímpar e que rebolar é mais digno do que tocar acordes musicais complexos com um instrumento.
O que Ed quis dizer foi que ele errou ao exagerar nos comentários, sobretudo referindo aos brasileiros por ele criticados como "indígenas" e "pedreiros". Ele teve autocrítica e até a humildade que muitos ignoravam que ele tivesse. Mas a mídia comemorou, acreditando que é uma capitulação.
Infelizmente, o brega-popularesco dos ritmos "sofisticados" como o "pagode romântico", axé-music e "sertanejo", sobretudo de parte dos medalhões que fazem sucesso desde os anos 1990, vive um complexo de superioridade respaldado pela grande mídia.
Seus ídolos musicais nada fazem de relevante, mas exigem "respeito" pelo que fazem, que nada tem de tão respeitoso assim. Até porque "sertanejos", "pagodeiros" e axézeiros primeiro esnobam a MPB, para depois prestarem reverência. Se recusam a entrar na festa e depois querem fazer parte dela como se fossem os maiores convidados.
A mediocridade musical, o que Ed Motta, de forma coerente, definiu pelo nome de "soda cáustica cultural", é que anda arrogante e seus fãs mais arrogantes e viciados. Afinal, é música não para ser ouvida com atenção, mas trilha sonora para bebedeira.
Os comentários de Ed Motta continuam valendo, uma vez que são notórios os problemas de uma boa parcela de brasileiros que pensa que aprecia música mas ouve os "sucessos" qualquer nota. Não têm a menor ideia do que é um concerto musical e não entendem o processo de músicos se concentrarem para um entrosamento instrumental de boas melodias e arranjos bem feitos.
Daí os "coxinhas" que acham que o brega-popularesco é a "melhor coisa do mundo". Arrumam mil desculpas para atribuir "superioridade artística" a seus ídolos e, quando não conseguem argumentar, partem para a xingação.
É certo que os "coxinhas" conseguiram "fritar" Ed Motta. Mas é certo, também, que os fãs da "soda cáustica musical" é que estão devendo uma grande desculpa porque eles também agem com muita arrogância. Que eles curtam seus sucessos do "axé, sertanejo e pagode", que curtam. Mas que eles não digam que se trata de música de qualidade.
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